Inicialmente planejada para Água Clara, a instalação da nova unidade da Bracell, empresa do grupo asiático Royal Golden Eagle (RGE), está prestes a ser confirmada em Bataguassu. Apesar de a mudança ainda não ter sido oficializada pela companhia, o possível deslocamento do projeto já gera movimentação entre autoridades e incertezas no município que aguardava o empreendimento.

O investimento previsto é de 4,5 bilhões de dólares (aproximadamente 25 bilhões de reais), tornando a fábrica uma das maiores da América Latina. A planta terá capacidade anual de produzir até 2,92 milhões de toneladas de celulose, demandando 12 milhões de metros cúbicos de eucalipto por ano. Bataguassu é o único município com um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) protocolado e aprovado pelo Imasul, reforçando a tendência de escolha do local.

Expectativa em Água Clara

A prefeita de Água Clara, Gerolina da Silva Alves (PSDB), afirmou não ter recebido comunicação oficial sobre a mudança, mas admitiu acompanhar a situação com apreensão. "Tenho esperança por conta da logística. Já compraram uma fazenda aqui. A gente só não sabe se vai ser agora. Pode ser que eles comecem por lá (Bataguassu), depois venham para cá", disse.

O deputado estadual Pedro Caravina (PSDB), ex-prefeito da cidade e marido da atual gestora de Bataguassu, Wanderleia Caravina (PSDB) afirmou que a instalação da fábrica no município está praticamente certa. "Nós também só estamos esperando essa decisão oficial, mas por tudo que estamos acompanhando, pelo estudo no Imasul, deve ser em Bataguassu mesmo", declarou.

O empreendimento deve ocupar uma área de 1.318 hectares, próxima ao Rio Paraná, a cerca de 9 km da zona urbana de Bataguassu. A maior parte do terreno é composta por pastagens degradadas. A captação de água será feita diretamente no rio, sem necessidade de barragem, e 90% do volume utilizado será tratado e devolvido. A fábrica contará com chaminés de 160 metros, equipadas com filtros eletrostáticos para controle de emissões, e os efluentes líquidos serão lançados no rio através de difusores. Programas de compensação e monitoramento ambiental já estão incluídos no RIMA.

Em encontro com a senadora Soraya Thronicke (Podemos), representantes da Bracell solicitaram apoio para melhorias na BR-158, rota por onde circularão cerca de 80 mil caminhões anualmente (220 por dia). A empresa estima gerar até 12 mil empregos durante a construção e manter 7 mil vagas permanentes após o início das operações.

O governo estadual ainda não confirmou a mudança de localização. Durante um evento em Inocência, o secretário de Meio Ambiente, Jaime Verruck, informou que a Bracell deve divulgar uma nota formal em 6 de maio, definindo qual projeto será priorizado. "Nós recebemos dois projetos de licenciamento: para Água Clara, que já está protocolado, e para Bataguassu. A empresa estará com o governo do Estado para anunciar qual será o cronograma de implantação", explicou.

Paulo Roberto dos Santos, diretor-presidente da Energisa em Mato Grosso do Sul, afirmou que a decisão já está tomada. "A Bracell é a próxima da lista. Deve acontecer lá em Bataguassu. Estamos trabalhando com energia, estradas, saneamento, mão de obra. É um projeto que envolve toda a infraestrutura social, ambiental e econômica", destacou.